Incentivos Fiscais para 2025: Uma matriz de decisão para frotas empresariais
Fique a conhecer os incentivos fiscais que podem ser determinantes na realidade de uma empresa.
Alguém que siga os conteúdos do setor automóvel pode ter-se deparado com a sigla TCO. É importante compreender este conceito, pois ele é bastante utilizado em diversos assuntos deste setor tão estimado entre portugueses. A sigla TCO significa “Total Cost of Ownership”, consistindo numa estimativa financeira aos custos totais de utilização de um modelo ao longo de um determinado espaço temporal e quilometragem.
O TCO não se cinge ao preço inicial e ao cálculo do valor residual. Ele engloba outros custos da operação. Corresponde ainda a um conjunto de custos associados à utilização do veículo, nomeadamente combustíveis, manutenção, pneus, seguros, encargos fiscais.
Com este dado, alguém com a responsabilidade de fazer a gestão da frota de uma empresa pode fazer o cálculo dos encargos da viatura por km de utilização ao longo de um determinado período (por exemplo, 48 meses e 80 mil quilómetros). A análise TCO serve como uma ferramenta de avaliação. Portanto, este critério é fundamental do ponto de vista contabilístico e indispensável para quem pretende escolher um determinado modelo.
Uma análise de custos totais de utilização (TCO)
A realização da análise dos custos totais de utilização (TCO) é fundamental para comparar quais são as motorizações disponíveis no mercado com maior competitividade em termos de custos e perfis de utilização. Após se analisarem os segmentos mais representativos das frotas e do mercado automóvel em território nacional, é possível chegar a algumas conclusões importantes que permitem atingir a um número mais representativo dos perfis de utilização.
Houve uma quilometragem de referência das frotas que são os 30.000 km anuais, embora também se tenham integrado quilometragens inferiores (10.000 km/ano) e quilometragens que representam condutores com uma utilização mais intensiva, até 40.000 km/ano.
Constatou-se que a introdução de veículos elétricos torna-se bastante valiosa à medida que percorremos mais quilómetros, pois asseguram um potencial de poupança energética superior.
Após os vários segmentos serem cruzados com as quilometragens devidamente analisadas, o resultado é uma matriz que permite ilustrar qual é a motorização que apresenta a melhor competitividade em termos de custos totais de utilização.
A análise realizada este ano apresenta resultados esclarecedores nesta matéria. Como podemos verificar nos quadros deste documento, existe uma clara competitividade em termos de custos do veículo 100% elétrico.
Após esta análise, identificou-se a opção mais competitiva em 8 dos 9 segmentos analisados, especialmente para quilometragens de referência de 30.000 km/ano. Os veículos 100% elétricos (BEV) representam 76% da matriz de TCO.
Como se teve a oportunidade de verificar, a matriz dominante é a das motorizações eletrificadas, existindo um espaço cada vez mais reduzido destinado aos veículos a combustão, que apresentam custos de utilização inferiores em alguns perfis dos segmentos utilitário e pequeno furgão. No que diz respeito aos veículos comerciais, em termos de custos totais de utilização, ainda não existe uma vantagem evidente das opções 100% elétricas. Tal justifica-se pela fiscalidade prevista para esta tipologia de veículos, que é idêntica para motorizações a combustão e para motorizações elétricas.
O impacto dos incentivos fiscais no setor automóvel
Como seria a competitividade dos veículos elétricos sem incentivos fiscais? Após ser feita a análise de TCO, os resultados são cristalinos: os veículos elétricos são predominantes na matriz. Contudo, este tipo de motorização beneficia em grande medida da fiscalidade. É nela que se alicerça a sua competitividade.
Os preços dos modelos elétricos estão mais próximos dos modelos a combustão. Embora se assista já a uma quase paridade nos segmentos de topo (Grande e Médio Familiares), ela ainda não se encontra generalizada. Muitas pessoas questionam-se como será que o estado irá taxar esses modelos. E a paridade do custo total de utilização sem contar com os incentivos fiscais? A retirada dos atuais benefícios fiscais tem impactos. Para os compreendermos melhor, convém analisar um cenário em que a fiscalidade aplicada é idêntica para todas as motorizações.
A conclusão retirada da análise feita é que, até neste cenário em que não há dedução de IVA para os veículos elétricos e plug-in e com as taxas de tributação autónoma a serem aplicadas como se de veículos a combustão se tratasse, pode concluir-se que se encontram perfis de utilização em que os veículos 100% elétricos aparecem com melhor TCO. Portanto, mesmo sem os incentivos fiscais, existe essa realidade.
Embora seja mais evidente os veículos de maior valor de aquisição, nomeadamente nos veículos médios familiares premium e grande familiar, tal realidade também ocorre nos utilitários SUV e pequeno familiar, para quilometragens acima de 30.000 km por ano. Apesar disso, comparando a matriz com incentivos e sem incentivos, pode verificar-se um recuo para metade das opções eletrificadas, passando dos 86% para os 43% em que o TCO é inferior para os veículos elétricos. Por isso, estima-se que esta realidade do setor automóvel sirva para o governo manter os mencionados incentivos por algum tempo, pelo menos por mais alguns anos, até porque, dessa forma, irá promover um crescimento significativo da adoção da mobilidade elétrica por parte das empresas.